Crítica: Estrelas Além do Tempo

Desde que a Academia de Cinema decidiu mudar as regras para a categoria de Melhor Filme para permitir até 10 indicados, sempre houve casos em que não pude deixar de me perguntar: “por que esse filme foi indicado como um dos melhores do ano??”. Este ano, eu me fiz essa pergunta quando eu vi que Estrelas Além do Tempo estava entre os indicados.

Além dessa categoria, ele também foi indicado para Melhor Roteiro Adaptado e Melhor Atriz Coadjuvante (Octavia Spencer). É um filme bom e interessante, mas não justifica todas essas indicações (o mais inexplicável, para mim, foi o fato de que o elenco ganhou o prêmio SAG – Sindicato dos Atores – quando todos os outros indicados eram melhores).

Baseado em uma história verdadeira, Estrelas Além do Tempo foca na vida e no trabalho de três matemáticas negras que trabalharam para a NASA durante a década de 1960 e que desempenharam um papel vital no sucesso da missão do astronauta John Glenn no espaço. Katherine G. Johnson (Taraji P. Henson), Dorothy Vaughan (Octavia Spencer) e Mary Jackson (Janelle Monáe) sofrem dois tipos principais de discriminação no trabalho: (i) são mulheres trabalhando em um ambiente dominado pelos homens e (ii) são negras, o que significa que elas não podiam a usar o mesmo banheiro que mulheres brancas ou tomar café do mesmo bule usado por seus colegas de trabalho brancos.

Elas têm que provar-se repetidamente durante todo o filme, até que seus patrões finalmente percebem que elas são realmente muito inteligentes e podem ajudar ativamente nas operações da NASA.

O filme poderia ter sido mais interessante e pungente, não fosse pela maneira como as histórias são contadas. Na minha opinião, os escritores Allison Schroeder e Theodore Melfi tentaram suavizar uma história que não é nem um pouco leve. Ao contrário: essas 3 mulheres (e muitas outras) passaram por grandes provações.

O elenco em geral é muito bom e também inclui Kevin Costner, Jim Parsons, Kirsten Dunst e Mahershala Ali. Isso não significa, no entanto, que eles foram tão formidáveis a ponto de ganhar o Prêmio SAG, como eu mencionei anteriormente. Das 3 personagens principais, Taraji P. Henson é quem tem o melhor desempenho para mim. No entanto, Octavia Spencer foi a indicada ao Oscar (o que não faz ainda nenhum sentido, na minha opinião). Eu realmente gosto da Octavia, mas não acho que seu desempenho neste filme tenha sido tão bom assim.

Por fim, mais uma vez o título em inglês não consegue ser traduzido fielmente, já que perde-se o trocadilho com a palavra “figures” na tradução (em inglês significa tanto “números” quanto “pessoas”, de modo que “Hidden Figures” poderia significar tanto “Números Escondidos” quanto “Pessoas Escondidas”, já que elas eram matemáticas que trabalhavam nos bastidores das operações).

Em suma, é um filme com uma história linda, muito bem feito, mas que definitivamente não é o melhor do ano!