Crítica: Bates Motel (5a Temporada)

ATENÇÃO: ESTE POST CONTÉM SPOILERS DA 5A TEMPORADA DE BATES MOTEL

Após o final da 4a temporada de Bates Motel, em que vemos Norman (Freddie Highmore) desenterrando o corpo de sua mãe e levando-o para sua casa, finalmente chegamos ao grande momento: a série estaria próxima ao filme Psicose. Como seria a interligação? Seria exatamente igual?

As expectativas aumentaram quando foi anunciado que Rihanna interpretaria Marion Crane, a personagem vítima da clássica “cena do chuveiro” no filme. Como seria a cena na série? Exatamente igual ou sofreria alguma mudança?

Todas as questões levantadas foram respondidas ao longo dos 10 episódios da última temporada, que chegou ao fim esta semana nos EUA.

Mais de um ano se passou entre a morte de Norma Bates (Vera Farmiga) e Norman segue sua vida “quase” normalmente: trabalha na administração do Motel, está feliz com a prisão de Alex Romero (Nestor Carbonell) e não mantém mais contato com seu irmão Dylan (Max Thieriot), que casou com Emma (Olivia Cooke), com quem tem uma filha. Há, porém, um pequeno detalhe: ele anda pela casa conversando com a mãe, dizendo para si mesmo que ela não morreu.

Essa situação faz com que a interação entre mãe e filho se torne muito mais interessante. Se nas temporadas anteriores Norma mostrava várias características, agora há apenas uma Norma: a controladora e assassina assume o corpo do filho sempre que sente alguma ameaça a ele. Ela é cínica, sarcástica, prática, fria e calculista. Na pele de Vera Farmiga isto significa um presente aos espectadores: a atriz é excelente ao interpretar esta versão de Norma.

Pelo mesmo motivo Freddie Highmore está espetacular na temporada. Tanto nos momentos em que é Norman ou em que é Norma, o ator é capaz de se transformar sem muito esforço aparente: a entonação da voz, o olhar, os trejeitos com as mãos – tudo perfeito.

Aliás, é inacreditável que apenas Vera Farmiga tenha sido indicada ao Emmy em 2013. Tanto ela quando Freddie Highmore estão ótimos desde a primeira temporada e só melhoraram. 

Norman não apenas assume a personalidade da mãe com uma frequência maior, mas também chega a perceber, em alguns momentos, que a situação está fugindo do controle. O maior exemplo é justamente a emblemática “cena do chuveiro”: os criadores da série decidiram poupar Marion e matar outro personagem em seu lugar. Quando “Norma” termina de assassiná-lo, Norman fala “Mãe, o que eu fiz?”, o que é uma mudança considerável da cena original (“Mãe, o que você fez?”). Vê-se, então, que Norman finalmente se dá conta de que ele matou alguém.

O conflito interno, no entanto, permanece durante o restante da temporada e chega ao ápice no último episódio, em que vemos Norman completamente desconectado da realidade após matar Romero (aliás, a morte de Romero é triste mas era esperada, considerando que no filme Norman havia matado a mãe e seu companheiro).

O final da série, com a morte de Norman, é provavelmente a melhor coisa que poderia acontecer a ele: ser preso ou ser levado a um instituto psiquiátrico dificilmente teria um bom resultado. Com a sua morte, ainda que pelas mãos do próprio irmão, Norman poderia se reencontrar com sua mãe em algum mundo paralelo. Além disso, ele foi enterrado junto com ela, como sempre quis.

Bates Motel é uma série intensa, tanto do ponto de vista da violência física quanto psicológica. Mas é interessantíssima justamente por demonstrar a que ponto uma pessoa com transtorno dissociativo de personalidade sem tratamento pode chegar (situação semelhante a Fragmentado).



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